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Como o Tantra se Desvirtuou no Ocidente — Entenda a Verdade

  • Foto do escritor: Gabriel Menezes
    Gabriel Menezes
  • 7 de ago.
  • 4 min de leitura

Descubra como o tantra tradicional foi distorcido no Ocidente e por que ele é muito mais do que sexo. Conheça suas raízes espirituais autênticas.


Tantra no Ocidente

As Raízes Autênticas do Tantra Tradicional


O Tantra é uma tradição milenar que surgiu na Índia por volta do século V d.C., como um sistema filosófico e espiritual extremamente sofisticado.


Ao contrário do que muitos pensam, o sexo nunca foi o foco do tantra tradicional. O verdadeiro Tantra (especialmente o Shaiva, o Shakta e o Vajrayana tibetano) é um caminho de autoconhecimento, expansão da consciência e união com o absoluto, envolvendo rituais, visualizações, meditação, pranayamas, mantras e trabalho energético profundo.


O termo "tantra" significa literalmente "teia" ou "estrutura", e se refere ao entrelaçamento de todas as coisas — mente, corpo, cosmos.


Nos textos tântricos originais — como o Vijnana Bhairava Tantra e os Tantras do Budismo Vajrayana a sexualidade é sim mencionada, mas não como uma prática física entre pessoas, e muito menos como o foco principal do caminho tântrico.


Na verdade, a união sexual nesses textos é usada como metáfora da união entre Shiva e Shakticonsciência e energia, ou seja, entre os princípios masculino e feminino que existem dentro de cada praticante.


Esses textos fazem uso de imagens sexuais ou simbologias eróticas não para incentivar relações sexuais, mas para representar o processo de criação da vida:


  • A fusão da mente racional com a energia intuitiva.

  • O casamento interno entre corpo e espírito.

  • A sublimação da energia sexual em estados elevados de consciência.


Quando há menção de rituais que envolvem a sexualidade, eles são extremamente codificados, simbólicos e realizados por praticantes avançados, muitas vezes sem qualquer contato físico real.


A prática mais comum era o Maithuna, que muitos interpretam erroneamente como sexo tântrico literal. No entanto, estudiosos sérios explicam que, na maior parte das escolas, o Maithuna era um ritual visualizado internamente, com a energia sendo movimentada mentalmente pelo canal central (sushumna), não pela relação física entre dois corpos.


Em resumo: O tantra tradicional não incentivava práticas sexuais externas, mas sim a integração da energia sexual no próprio corpo como combustível para a iluminação.



A Chegada do Tantra ao Ocidente — E o Início da Distorção


A distorção começou no século XX, especialmente no movimento Nova Era e no ambiente contracultural dos anos 1960–70.


Principais responsáveis pela popularização (e distorção):


  • Sir John Woodroffe (Arthur Avalon): Um dos primeiros a traduzir textos tântricos para o inglês (início do século XX). Apesar de seus esforços em manter uma abordagem fiel, foi lido por um público ocidental sedento por exotismo e erotismo, o que gerou mal-entendidos.

  • Osho (Rajneesh): Introduziu uma abordagem mais libertária e sensorial do tantra, focando fortemente no prazer físico e na quebra de tabus sexuais. Embora ele tenha dito que sexo era apenas uma porta de entrada, muitos de seus seguidores passaram a reduzir o tantra a práticas sexuais de conexão.

  • Margo Anand: Auto declarada "discípula" de Osho e autora de “The Art of Sexual Ecstasy” (1989), foi uma das figuras mais influentes na sexualização do tantra no Ocidente, fundando o método SkyDancing Tantra — fortemente focado em rituais de toque, nudez e sexualidade.

  • Daniel Odier: Também popularizou o “Tantra do Cachemira” com ênfase mais sensorial do que tradicional, e influenciou gerações com uma visão mais voltada ao corpo e prazer.


De Sabedoria Espiritual a “Massagem Tântrica”


Com o tempo, o Tantra foi virando um rótulo sexy para vender práticas que, na maioria das vezes, não têm base na tradição original.


Hoje, tantra virou um produto. Uma palavra usada para atrair atenção — muitas vezes sexual — com promessas de prazer místico, mas pouca (ou nenhuma) ligação com a tradição original.


Exemplos de distorções comuns:

  • Cursos de "massagem tântrica” com toques íntimos e invasivos.

  • Formações em "tantra" que mais se parecem com retiros de hedonismo sexual com roupagem espiritual.

  • Retiros tântricos com dinâmicas de grupo envolvendo nudez, trocas de energia e envolvimento emocional entre estranhos, sem qualquer base de ética, cuidado com a biosegurança, sem nenhum tipo de preparação dos indivíduos ou qualquer integração somática.


Essas práticas colocam em risco pessoas emocionalmente vulneráveis, confundindo excitação com elevação espiritual.


Efeitos Colaterais do “Tantra Deturpado”


Pessoas vulneráveis emocionalmente são expostas a dinâmicas intensas sem suporte adequado. Há confusão entre excitação e elevação espiritual, levando a traumas, dependência emocional e vícios em experiências de êxtase. E consequentemente erapeutas e “facilitadores” mal preparados assumem lugares de poder sem formação ética, preparo moral ou supervisão, gerando abusos.


Resumindo, esses são os impactos negativos:


  • Indução a traumas emocionais e psicológicos.

  • Vício em experiências de êxtase como substituto do vazio existencial.

  • Relações abusivas camufladas de “cura sexual”.

  • Falta de ética profissional e espiritual entre facilitadores.


Uma Nova Geração Está Resgatando o Verdadeiro Tantra


Felizmente, uma nova geração de terapeutas e facilitadores está buscando resgatar a ética, a somática e a espiritualidade original do tantra — trazendo o foco para a espiritualidade, a ética e a integração emocional/energética.


O que está sendo restaurado:


  • Respiração consciente como ferramenta de transmutação emocional.

  • O corpo como templo sagrado da consciência.

  • A energia sexual como canal para soberania interna, e não como ferramenta de prazer externo.


Conclusão: Tantra é Sobre Integração, Não Sensualização


O verdadeiro tantra no ocidente ainda pode florescer — mas para isso, é preciso educação, responsabilidade e reverência às suas raízes.


Muito além de rituais sexuais, o tantra é um caminho profundo de realização espiritual, equilíbrio energético e transcendência do ego.


Se você sente o chamado de aprofundar essa sabedoria com respeito, ética e conhecimento técnico, na Formação em Terapia Neurossomática resgatamos as práticas originais do tantra integrando ciência, espiritualidade e o trabalho profundo com o corpo e a consciência.


É um convite para quem deseja atuar com verdade nesse campo — curando, integrando e reconciliando os paradoxos entre o místico, o espiritual e o científico.


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Tantra no Ocidente





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